Praga: monumental e inesquecível
Reportagem publicada na www.guiadepraga.cz
Texto e fotos: www.guiadepraga.cz
O que faz de Praga uma das cidades mais charmosas do planeta não é somente a beleza de seu centro medieval, preservado com admirável capricho e declarado Patrimônio da Humanidade.
Cada esquina ganha um significado especial quando se lembra que a cidade foi mantida fora do alcance de turistas ocidentais por 40 anos de comunismo.
O mesmo acontece com suas pontes e ruelas estreitas, que parecem ficar ainda mais fascinantes quando se lembra que elas foram tomadas por tanques de guerra durante a Primavera de Praga, final da década de 60.
Nos bairros de Mala Strana e Staré Mesto, fachadas em tons pastéis também encantam. Há ainda as tradicionais e centenárias cervejarias, sempre lotadas de belas mulheres.
Tamanha capacidade de enfeitiçar as pessoas talvez explique o fato de Praga ter abrigado e inspirado tantos talentos superiores.
O compositor Amadeus Mozart e o cientista Albert Einstein, o astrônomo Johannes Kepler e o cineasta Milos Forman, os escritores Franz Kafka e Milan Kundera, a tenista Martina Navrátilová e o fotógrafo Josef Sudek. Todos eles viveram e trabalharam na cidade.
É por isso que os tchecos, especialmente os da capital, se orgulham tanto da própria cultura, ou melhor, do nível de erudição que eles conquistaram ao longo dos séculos. Mas eles lamentam muito também o período mais recente em que estiveram sob os rigores de um sistema socialista.
A resposta para décadas de repressão não poderia ser mais contundente: hoje, artistas de rua transformam o passeio público em picadeiro com a voracidade de quem defende a própria manutenção da democracia.
Em Praga, numa esquina encontra-se uma banda de rock. Em outra, surge um quarteto de violinos.
Ao longo da Ponte Carlos, fotógrafos, pintores e escultores vendem suas obras. Na Praça da Cidade Velha acontecem espetáculos de marionetes. Todo tipo de manifestação artística encontra na calçada o espaço que não existiu entre os anos de 1948 e 1989, período em que a ex-Tchecoslováquia integrava a Cortina de Ferro.
A agenda cultural é uma das mais agitadas da Europa, especialmente durante a primavera e o verão.
Concertos de música clássica são freqüentes na Igreja de São Nicolau, na Basílica de São Jorge e na Catedral de São Vito.
Quem prefere um pouco mais de swing encontra jazz de excelente qualidade em pelo menos uma dezena de casas noturnas no centro histórico.
Mas o programa imperdível de verdade é assistir a uma peça do Black Light Theater, espetáculo em que figuras coloridas, quando iluminadas por luz negra, brilham feito néon sobre um fundo infinito. As produções são modestas, encenadas em pequenos teatros de Staré Mesto e Mala Strana. Mas o efeito sobre os espectadores é digno de uma apresentação do Cirque du Soleil.
Arte nas ruas, arte nas paredes e nas construções históricas também.
Praga é um verdadeiro catálogo de estilos arquitetônicos. Entre as várias obras-primas barrocas, destacam-se a fachada rococó do Palácio Kinský e a Igreja de São Nicolau, ambas na Praça da Cidade Velha.
Não muito longe dali, a Catedral de São Vito, em estilo gótico, é uma das mais deslumbrantes da Europa – enquanto o Palácio de Verão, no bairro de Hradany, é um genuíno representante da arquitetura renascentista.
O mais curioso, no entanto, é a abundância de fachadas cubistas, produto de um vigoroso movimento modernista que não se intimidou diante dos 1.100 anos de história da cidade. Pode-se apreciá-las em inúmeros endereços espalhados pelos bairros de Staré Mesto e Vysehrad.
Se de um lado Praga é o cenário de sonho, de outro se prestaria muito bem a um soturno filme de terror.
No antigo gueto judeu, entre as ruas Kaprova, Dlouhá e Kozí, fica a mais antiga sinagoga da Europa em atividade, concluída por volta do ano de 1270. Não há turista que deixe de visitá-la. Mas o que realmente impressiona é o cemitério, bem ao lado do templo. Quem põe os pés pela primeira vez nesse lugar sente nos ombros o peso dos sete séculos de opressão impostos à comunidade judaica de Praga.
Os checos não se caracterizam por uma vida religiosa regrada – 80% da população se declara sem religião – mas há templos em Praga – conhecida como a cidade das cem torres – que valem uma visita, seja pela arquitetura, seja pela história.
Reportagem publicada na www.guiadepraga.cz/br/
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